Revista Entrevista (Agosto) – Milton Leite

Por: Gabriel Araújo
Direto da Redação
Jacareí/SP


Para a série “Revista Entrevista” do mês de agosto, entrevistei o excelente narrador Milton Leite, da TV Globo/SporTV. Você pode conferir nossa conversa abaixo.


Negrito/Itálico: Gabriel Araújo
Normal: Milton Leite.

1-) Você sempre foi apaixonado pelo jornalismo? Caso a resposta seja negativa, quando você escolheu esta profissão?
R.: Escolhi ser jornalista quando tinha 17 pra 18 anos, exatamente quando precisava definir minha opção no vestibular. Sempre gostei muito de escrever, meu sonho era ser escritor, ficcionista, mas como não tinha talento para tanto, a forma de trabalhar escrevendo foi no jornalismo. Pensava em trabalhar em jornal, para poder exercer a escrita.

2-) Conte um pouco de sua carreira para nós.
R.: Comecei quando tinha 19 anos (1979), ainda fazendo faculdade, no Jornal de Jundiaí (cidade do interior paulista). Lá também trabalhei no Jornal da Cidade, Rádio Difusora e Rádio Cidade. Em 1987, fui trabalhar no jornal O Estado de São Paulo, na área de economia. Depois, Rádio Jovem Pan (apresentava um programa de variedades), TV Jovem Pan (onde comecei a narrar esportes), uma rápida passagem pela TV Record, como apresentador de um programa esportivo junto com Wanderley Nogueira. Em 1995, fui para a ESPN Brasil, mas continuava trabalhando na Rádio Jovem Pan. Em 1998, saí da Pan e fiquei só na ESPN. A partir daí, passei a fazer apenas jornalismo esportivo. Desde abril de 2005 estou na TV Globo/SporTV.

3-) Quase todas as pessoas te conhecem pelos bordões, como “Que beleeeza”, “A batiiida”, “Agora eu ‘se’ consagro” etc. Quando você teve a ideia de fazê-los? Alguém te inspirou?
R.: Na verdade, são expressões que eu já usava no meu dia-a-dia, ou que amigos meus usavam. Um dia arrisquei um deles numa transmissão, fez sucesso e foram ficando. Nada foi planejado para ser bordão. Eu não fico maquinando em casa para criar bordões. Acredito que se eles não forem naturais, não saírem do meu linguajar do dia-a-dia, não funcionam. E também não fico forçando a barra durante os jogos para usá-los.

4-) Foi a ESPN Brasil que abriu de verdade as portas do esporte para você? Por qual motivo você saiu da emissora?
R.: Na verdade quem abriu as portas foi a TV Jovem Pan, onde trabalhei durante quase quatro anos como narrador esportivo. Fui para a ESPN Brasil exatamente porque o projeto da Pan em TV não deu certo, e algumas pessoas da ESPN já conheciam o meu trabalho. Saí de lá porque depois de dez anos já haviam alguns desgastes, tive algumas divergências com a direção do canal e antes que a divergência virasse briga, resolvi não renovar meu contrato no final de 2004.

5-) No jornalismo, é possível torcer para algum time? Você torce para algum?
R.: Todo mundo que trabalha com jornalismo esportivo tem um time. É a paixão pelo esporte e pelo futebol que acaba nos levando pra essa área. O cuidado que cada um tem que ter é não perder o senso crítico e envolver a paixão pelo clube no seu trabalho. Uns conseguem, outros não. Eu não revelo para que time torço por questão de segurança. A violência nos estádios, por motivos fúteis, é uma coisa que a maioria das pessoas que não os frequentam não faz ideia.

6-) Em sua carreira de narrador, quais os momentos mais marcantes que você presenciou?
R.: Os grandes eventos, no geral. Já fui a três Jogos Olímpicos, a três Copas do Mundo, a dois Mundiais de Basquete, ao Pan do Rio, um Mundial de Ginástica. Estar próximo e narrar eventos com os melhores atletas do planeta é algo muito gratificante e a realização para qualquer jornalista esportivo.

7-) Com quem você já trabalhou e gostaria de voltar a trabalhar?
R.: Tem muita gente. Se eu fosse começar a enumerar, certamente esqueceria alguém e seria injusto. Para citar uma pessoa, digo que tive a chance, na Copa da Alemanha, de conviver com Armando Nogueira. E foi uma das experiências mais incríveis da minha carreira. Infelizmente ele faleceu este ano.

😎 Você escreveu dois livros, “As melhores seleções brasileiras de todos os tempos” e “Os 11 maiores centroavantes do futebol brasileiro”. Qual a experiência de escrever um livro? Foi um sonho realizado?
R.: Foi a realização de um sonho. Porque, como disse na outra resposta, meu sonho de garoto era ser escritor. Agora, depois de mais de 30 anos de carreira, a Editora Contexto me proporcionou a possibilidade de escrever os livros. Não são livros de ficção com os quais sonhava, mas pude pesquisar da forma como quis, escolher os personagens, fazer as entrevistas, escrever os textos. Foi muito gratificante. Temos vontade de continuar a parceria e realizar outros projetos.

9-) A cobertura do SporTV na Copa foi excelente. Você aprendeu alguma lição na África do Sul, um país com vários problemas?
R.: Sempre se aprende muito nestes eventos. Primeiro porque você fica 40 dias longe da sua casa, morando em hotel e convivendo com muitas pessoas diferentes todos os dias. É cansativo, estressante, mas quando chega ao fim, no dia seguinte você já está sentindo falta. Na África do Sul foi ainda mais especial, pela história do país, a convivência com um povo que passou por uma das maiores tragédias da história da humanidade e, mesmo assim, consegue ser simpático, alegre, hospitaleiro. Tenho muita vontade e devo voltar à África do Sul como turista algum dia. O país vale muito a pena.

10-) Obrigado pela entrevista, Milton. Deixe uma mensagem para os leitores do blog.
R.: Apenas agradeço a atenção de todos, espero que as respostas tenham agradado. Um grande abraço.

Narração emocionante de Milton Leite do primeiro gol de Ronaldo pelo Corinthians
  1. #1 por Rodrigo Carvalho em 11/08/2010 - 13:42

    BELÍSSIMA ENTREVISTA.PARABÉNS.ABORDOU OS TEMS COM NATURALIDADE E SIMPLICIDADE,FICOU MUITO AGRADÁVEL.MUITO BOA A ENTREVISTA E O ENTREVISTADO TAMBÉM VALORIZOU BASTANTE O POST!ABRAÇOS.RODRIGO CARVALHO – BLOG DIGÃO FUTEBOL

  2. #2 por Gabriel Araújo em 13/08/2010 - 20:00

    RES: Rodrigo CarvalhoObrigado, Rodrigo. Sempre é um grande desafio para nós fazer entrevistas como esta. Quando vêm as mensagens dos blogueiros, sabemos se fomos bem, no que podemos melhorar etc.Novamente, obrigado. A opinião de vocês é muito importante para nós.Abs.

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